Níveis de obesidade infantil no Brasil não param de subir, encostam nos números dos EUA e colocam a saúde de nossas crianças em risco.
Excesso de influência da indústria de alimentos nas políticas de governo é obstáculo para frear avançoJá faz tempo que a obesidade deixou de ser apenas um problema de "países ricos" e tornou-se uma epidemia global. Mais recentemente, essa mesma "globalização" aconteceu especificamente com a obesidade infantil, inclusive no Brasil. Por aqui, uma em cada três crianças já está acima do peso.
Aliás, se nos Estados Unidos, por exemplo, a prevalência de obesidade infantil é ligeiramente maior (34,2%) do que a registrada no Brasil, a tendência de alta já parece controlada por lá, segundo levantamento mais recente, de 2012. No Brasil, ao contrário, o crescimento ainda se mostra fora de controle (veja gráfico da próxima página).
Nas últimas três décadas, o total de crianças brasileiras acima do peso passou de cerca de 9% na década de 70 para aproximadamente 13% nos anos 80, e deu um enorme salto para 33,5% em 2009, quando foi realizado o último levantamento sobre o tema – a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Mas o que levou a um aumento tão intenso nesse período? Em primeiro lugar, é preciso entender que a obesidade é uma doença multifatorial, isto é, é causada pela somatória de diversos fatores simultâneos. Assim, uma das grandes causas é a mudança no padrão de alimentação da população brasileira. "Trata-se da substituição de refeições e comidas feitas com alimentos frescos ou pouco processados por produtos ultra-processados, como refrigerantes, salgadinhos, biscoitos e macarrão instantâneo", explica a nutricionista e pesquisadora do Idec, Ana Paula Bortoletto.
Ela comenta ainda que, no caso específico das crianças, a baixa duração do aleitamento materno exclusivo agrava o problema. O leite materno tem propriedades que "protegem" a criança de se tornar obesa, devendo ser estimulado, no mínimo, até os seis meses de idade. A média nacional, contudo, mal chega aos dois meses.
A nutricionista Clarissa Fujiwara, coordenadora da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), enfatiza também fatores do cotidiano. "Nos centros urbanos, a jornada de trabalho dos pais e a locomoção encurtam o tempo disponível para o preparo de refeições. E o decrescente estímulo à atividade física, determinado pelo maior 'tempo de tela' – televisão, computador, videogame, celulares e tablets –, é somado à escassez de espaços públicos que permitam à criança brincar e se exercitar", aponta.
Fonte: Ministério da Saúde
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